sábado, 2 de outubro de 2010

Música sem Fronteiras em Viana do Castelo




O mar trouxe a Viana do Castelo novos mundos, novas gentes. O porto de mar foi, durante séculos, o mais importante elo de ligação entre os vianenses e outras povoações nos vários continentes. Do e para o norte da Europa, África, Américas e Oriente, os navegadores locais transportaram os mais variados produtos mas, também, intercambiaram artes, ofícios, costumes e tradições, que os enriqueceram culturalmente.
No presente, são sobretudo os espaços e eventos culturais que fomentam o encontro de povos e culturas e trazem esses novos mundos a Viana do Castelo, seja através dos vários festivais anuais aqui organizados, o de Blues, o de Jazz, o de Música Clássica, o de Folclore, o de Teatro ou o de Cinema, seja por iniciativas como a Feira do Livro e da Lusofonia.
 Todos os anos, músicos, compositores, escritores, pintores, actores, são convidados a participar nos referidos certames apresentando os seus trabalhos, dando a conhecer novas formas de imaginar o mundo, outros saberes, diferentes culturas e identidades.
Mas há em Viana do Castelo duas instituições educativas onde várias culturas se encontram diariamente. Refiro-me à Escola Profissional de Música (EPMVC) e à Academia de Música (AMVC) de Viana do Castelo, alicerces culturais da comunidade vianense pela sua reconhecida actividade de formação musical e de organização de eventos, uma vez que, entre os seus professores e alunos contam-se 14 nacionalidades.


quarta-feira, 26 de maio de 2010

Entrevista a José Lourenço, 2010


Entrevista a José Lourenço, ator/narrador, direção cénica   
 para a Escola Profissional de Música de Viana do Castelo, 
 por Andrea Fernandes e Amália Castro, em 2010
 
  
José Lourenço estudou no Conservatório de Música de Genève, Estúdio de Ópera do Porto, “Hong Kong Academy for Performing Arts”, “Royal College of Music” (pós-graduação em ópera) e Fundação Calouste Gulbenkian (curso de encenação de ópera).




Na qualidade de encenador, apresentou espetáculos no CCB (recital encenado “Ida e Volta”), Fundação Calouste Gulbenkian (ópera “La Voix Humaine”), Casa da Música (proto-opereta “La Leçon de chant eléctromagnétique”), Teatro Municipal Sá de Miranda (estreia absoluta do conto musical “Como se faz cor-de-laranja”), Teatro de Vila Real (suite “Marie Galante”), Centro Cultural Vila Flor (conto musical “A Menina do Mar”), Teatro das Figuras (pasticcio “A Lição de Offenbach”), Teatro Lethes (ópera cómica “The Boatswain’s Mate”) e Auditório Lopes-Graça (óperas para marionetas “El Retablo de Maese Pedro” e “Geneviève de Brabant”).
Paralelamente, desenvolve atividade como cantor em óperas, oratória e recitais (cf. http://www.tenorjoselourenco.blogspot.com). Nutre especial interesse por contos musicais, sendo de registar atuações, na qualidade de ator, no Teatro Nacional São João “As Aventuras de Pinóquio no País das Brincadeiras”, Casa da Música “Momo” e Cinemateca Portuguesa “À Luz de Java”.

1.   O conto “Gnomos de Gnu” de Humberto Eco faz-nos reflectir sobre várias temáticas, tais como a poluição, a destruição de florestas, a ambição e poder político, a saúde pública, o respeito por outras culturas, entre outras. Que desafios encontrou ao trazer estas temáticas para o palco?


Trata-se de temáticas muito cruas, objetivas ou, mesmo, hiper-reais... ora, as artes performativas (teatro, música, dança,...), assim como as artes literárias e plásticas (desenho, pintura, escultura,...) procuram  abordar a realidade sob o ponto de vista da estética, da poesia e do humor. Por outras palavras, a arte procura fazer-nos viajar para lá do nosso universo tangível com o objectivo de proporcionar-nos novos ângulos de visão sobre ele próprio, tanto do ponto de vista objectivo como subjectivo. Este processo tem uma componente de fruição pura (divertimento) e outra de alargamento dos horizontes intelectuais de cada um. Voltando à pergunta, o principal desafio com que me deparei na companhia da Paula Conceição (assistente de encenação) foi encontrar e sublinhar as vertentes poética e/ou humorística de temáticas aparentemente desprovidas de tais aspectos. O rico imaginário de Umberto Eco e a excelente música de Sérgio Azevedo ajudaram. A importância de que assuntos como os abordados no espectáculo se revestem para o futuro de todos nós foi outra aspecto que me inspirou; não desperdiçar a oportunidade de os abordar junto de um público jovem foi motivante para todos. 



quarta-feira, 12 de maio de 2010

Entrevista a Jean-François Lézé, 2010


Entrevista a Jean-François Lézé
 para a Escola Profissional de Música de Viana do Castelo, por Francisca Bastos, em 2010

Percussionista, pianista e compositor nascido em França. Terminou os seus estudos no CNSM de Lyon nas classes de percussão e piano de François Dupin, Georges Van Gught e Roger Muraro.  Foi Chefe de Naipe da Orquestra Metropolitana de Lisboa, professor da Academia Nacional Superior de Orquestra,  professor de repertório de orquestra e leitura à 1ª vista na Escola Superior de Música Artes do Espectáculo.  
Actualmente, é Chefe de Naipe da Orquestra Nacional do Porto e professor de Projectos Colectivos e Improvisação da EPMVC. A sua intensa actividade pedagógica permitiu criar a melhor geração de percussionistas portugueses que hoje em dia trabalham nas principais orquestras. Tem sido convidado como solista para interpretar o Concerto pour percussion et Orchestre de Jolivet, o Concerto para Marimba solo e Orquestra de Cordas de N. Rosauro, a Suite em quatro andamentos para Marimba, vibrafone, piano e Orquestra de Bernardo Sassetti, e estreou o Ricercare de Filipe Pires para Marimba e Orquestra Sinfonica.
Colaborou em projectos de música de câmara com artistas como Artur Pizarro, Katia e Mariel Labeque, Natalia Gutman, Bernardo Sassetti e Mário Laginha. Tem os seus trabalhos editados em França pela Edition François Dhalmann, na Suíça pelas Editions BIM e em Portugal na AVA Musical Editions.

1.    Como surgiu esta disciplina (Projectos Colectivos e Improvisação) no currículo do Curso de Instrumentista?

A Dra. Carla Barbosa teve a ideia de criar a disciplina (original e única em Portugal) e convidou-me para orientá-la, tendo como objectivo principal o desenvolvimento da criatividade artística.


quarta-feira, 5 de maio de 2010

Entrevista a Patrícia Vintém, 2010



Entrevista a Patrícia Vintém, aluna da Escola Profissional de Música de Viana do Castelo (2000/2006)
 para a Escola Profissional de Música de Viana do Castelo
 por Margarida Faria e Paula Miranda, em 2010


Patrícia Vintém nasceu em Portugal e iniciou os seus estudos musicais quando tinha sete anos. Em 1996 começou a prática de violino na Academia de Música de Viana do Castelo, e um ano mais tarde a prática de cravo.
Em 2003 conclui o Curso Básico de Instrumento em violino com o Professor Miguel del Castillo e em 2006 o Curso de Instrumento em cravo com o Professor Álvaro Cabrera Barriola na Escola Profissional de Música de Viana do Castelo.
Patrícia licenciou-se em Música Antiga, cravo, na Escola Superior de Música de Lisboa em 2009, onde estudou com Cremilde Rosado Fernandes e Ana Mafalda Castro.
Atualmente encontra-se a estudar cravo no Conservatório Real de Haia sob orientação de Jacques Ogg.
No concurso “Carlos Seixas 2004” que teve lugar em Lisboa ganhou o 2º prémio e também fez parte da maratona de Scarlatti realizada por toda a Europa. Apresentou-se em concerto em diferentes salas de concerto pelo País como Casa da Música (Porto), Museu da Música, Teatro São Carlos, Academia de Santa Cecilia, Museu do Azulejo (Lisboa), Teatro Nacional de Almada, entre outras.
Tem participado e assistido a cursos e masterclasses de Música Antiga – cravo e música e câmara – em Portugal e no estrangeiro – Paris, Viena, Daroca (Zaragoza) – com David Moroney, Petra Zenker, Giorgio Cerasoli, Ilton Wjuniski, Rinaldo Alessandrini, Richard Gwilt, Paul Dombrecht, Gustav Leonhardt, Laura Pontecorvo, Andrea Coen, Álvaro Lopes Ferreira, Olivier Baumont, Ketil Haugsand, Ana Mafalda Castro.
Foi cofundadora do ensemble Les Esprits Animaux, especializado na interpretação historicamente informada de música do período Baroco.
Já lecionou teclado, cravo e teoria musical em diversas escolas em Lisboa tais como no Lugar da Música e na Academia de Amadores de Música de Lisboa. Atualmente encontra-se inserida num projeto chamado MEMO que pretende levar execuções musicais a pré-primárias localizadas em Haia.

1)    Patrícia, apesar de teres iniciado o teu estudo musical com um instrumento de orquestra, o violino, por que motivo é que optaste pelo cravo?


A música é para mim uma paixão e o cravo, desde a primeira vez que ouvi o seu som, soube logo que era um amor à primeira vista. O momento da escolha entre o violino e o cravo foi inevitável. Era um sonho prosseguir com os dois instrumentos, mas para atingir o nível profissional era necessário uma carga horária de estudo e dedicação que não possuía na altura. A música tem de se amar para realmente se superar todos os momentos e o cravo era o instrumento que melhor me completava. Não se tratava de ser ou não instrumento de orquestra, porque, bem vista a situação, o cravo ocupa o lugar mais importante numa orquestra barroca. Mas quis conjugar a qualidade à paixão e assim optei pelo cravo.



sábado, 1 de maio de 2010

Entrevista a Bernardo Sassetti, 2010


Entrevista a Bernardo Sassetti
 pelas alunas Paula Miranda e Susana Magalhães 
da Escola Profissional de Música de Viana do Castelo, em 2010
           

Nasceu em Lisboa em Junho de 1970.

Iniciou os seus estudos de piano clássico aos nove anos com a professora Maria Fernanda Costa e, mais tarde, com o professor António Menéres Barbosa, tendo frequentado  também a  Academia dos  Amadores de Música.  Dedicou-se  ao  Jazz, estudando com Zé Eduardo, Horace Parlan e Sir Roland Hanna.

Em 1987, começou a sua carreira profissional, em concertos e clubes locais,  com o quarteto de Carlos Martins e o Moreiras Jazztet. Participou em inúmeros festivais com Al Grey, John Stubblefield, Frank Lacy, Andy Sheppard, entre outros. Desde então, apresentou-se por todo o mundo ao lado de Art Farmer, Kenny Wheeler, Freddie Hubbard, Paquito D´Rivera, Benny Golson, Steve Nelson, integrado na United Nations Orchestra e no quinteto de Guy Barker, entre outros. 
Como compositor, escreveu suites para piano e orquestra e para 2 pianos e orquestra, entre muitas outras peças para pequenas formações.


Das gravações editadas em seu nome registam-se as seguintes: Salssetti; Conrad Herwig + Trio Bernardo Sassetti Live; Mundos; Nocturno (1º prémio Carlos Paredes); Mário Laginha/Bernardo Sassetti; Índigo, Livre; Grândolas (em duo com Mário Laginha); Ascent (1º prémio Carlos Paredes); banda sonora do filme Alice (2005); Unreal Sidewalk Cartoon; banda sonora da peça de teatro Dúvida e 3 Pianos (em trio com Mário Laginha e Pedro Burmester).



Dedicou-se regularmente à música para cinema, tendo realizado vários trabalhos, entre os quais se destaca a sua participação no filme The Talented Mr. Ripley, de Anthony Minguella. 



Os seus mais importantes trabalhos de composição para cinema são os seguintes: Maria do Mar de Leitão Barros, Facas e Anjos de Eduardo Guedes, Quaresma de José Álvaro Morais, A Costa Dos Murmúrios de Margarida Cardoso, Alice de Marco Martins, 98 OCTANAS de Fernando Lopes. 



Para Teatro, compôs a música de A Casa de Bernarda Alba (encenação de Diogo Infante e Ana Luísa Guimarães), Frei Luís de Souza Uma Leitura Encenada por Ricardo Pais e Dúvida (encenação de Ana Luísa Guimarães), editado recentemente em CD. 



Presentemente, e como concertista, apresenta-se em piano solo, em trio com Carlos Barretto e Alexandre Frazão, em duo com o pianista Mário Laginha ou em trio de pianos com Mário Laginha e Pedro Burmester


1-      Como foi a experiência de trabalhar um repertório de enorme maturidade com os jovens da nossa orquestra?

BS - Foi uma experiência brilhante e enriquecedora. Tivemos oportunidade de dialogar muitas vezes, tanto em grupo como individualmente, e estes dois dias de intenso trabalho revelaram pequenas coisas nas quais eu não acreditava totalmente. Enganei-me. Estes jovens mostraram um entusiasmo e uma dedicação fora do comum. Ouviram as minhas ideias sobre cada um dos movimentos e reproduziram-nas, tocando, de forma quase definitiva. Inesquecível.