quinta-feira, 30 de maio de 2013

Jano Lisboa, ex-aluno da EPMVC, conquista o lugar de viola solo da Orquestra Filarmónica de Munique


Jano Lisboa é membro titular da Orquestra de Câmara de Munique com quem gravou discos com obras de Rossini, Mozart, Hosokawa, Bach, entre outros.
Em Fevereiro de 2013, conquistou o lugar de viola solo da Orquestra Filarmónica de Munique e começará a trabalhar com orquestra no próximo mês de Setembro coincidindo com o início da nova temporada de concertos que levará a orquestra a uma digressão aos Estados Unidos da América.

Jano é membro fundador do Vellit Quartett – um quarteto com piano – onde colabora com Uli Witteler (solo violoncelo da Orquestra Sinfónica de Bamberg), Katja Lämmermann (concertino da Gaertnerplatz Opera em Munique) e Julian Riem (professor nan Musikhochschule em Munique).

Paralelamente à sua carreira na música clássica, Jano Lisboa dedica-se ao seu projeto rock intitulado Asphalt Kiss. O primeiro disco está a caminho e foi gravado nos Estúdios Namouche e Rosa dos Ventos em Lisboa encontrando-se neste momento na fase de misturas. Num futuro próximo irá para Los Angeles para finalizar o disco com a masterização com Tom Baker (Deftones, Nine Inch Nails).

               Programa do concerto de 29 e 30 de Janeiro 2011

Entrevista a Jano Lisboa

para a Escola Profissional de Música de Viana do Castelo
por Susana Magalhães, em 2006


“Nunca desistam dos vossos sonhos”, recomenda Jano Lisboa a todos os alunos desta Escola.


Jano Lisboa, violetista e ex-aluno da nossa escola, dá-nos conta de alguns projetos desenvolvidos nos últimos dois anos, nos EUA.


Susana Magalhães - Quais as razões que o motivaram para esta profissão de violetista?
Jano Lisboa – Desde a primeira vez que ouvi o som deste instrumento, fiquei desejoso de experimentá-lo e de aprender a tocá-lo, uma vez que, nessa altura, só tocava piano. Com o passar dos anos e com o meu percurso musical, passei a desejar mais a viola e a sentir-me cada vez mais realizado com a sua produção sonora e com o enorme leque de possibilidades que este instrumento apresenta.

SM – Por que motivo estudou na EPMVC de Viana do Castelo?

JL – Na altura, estudava na Academia, e um antigo aluno da escola, o Márcio, convenceu-me a concorrer. Penso que foi a melhor escolha que poderia ter feito.

SM – Como instrumentista, que experiências vivenciou nas diferentes orquestras onde participou?
JL – Bem, infelizmente não posso dizer que foi na orquestra que vivi os melhores momentos ou que me senti realizado. Houve, no entanto, uma exceção, quando integrei uma temporada na Orquestra de Jovens da União Europeia com os maestros Sir Colin Davies e Paavo Jarvi. Esta foi uma experiência muito enriquecedora a todos os níveis, e nunca senti uma empatia tão grande como aquela que senti com o maestro Colin Davies. Mas as melhores experiências sempre foram e serão na área da música de câmara.

SM – Já tocou algumas vezes a solo? Que sensações experimentou?

JL – Ultimamente tenho tocado bastante a solo com orquestras. Tenho ainda mais três concertos agendados neste Verão. Posso dizer que nunca pensei sentir o que sinto sempre que toco a solo, isto é, existe um certo conforto sempre que me encontro com uma orquestra atrás de mim. Por invulgar que pareça, não fico nervoso e sinto que estou ali, com prazer e gosto a fazer algo que sinto como natural.

SM – Prefere tocar a solo ou com a orquestra?

JL – Claro que prefiro tocar a solo uma vez que também não me sinto como músico de orquestra. Não penso que toco bem em orquestra, não me sinto tão integrado como quando toco música de câmara ou a solo.   Depois, é sempre bom podermos expressar a nossa individualidade sempre respeitando a música.

SM – Que projetos desenvolveu nos EUA?

JL – O meu objetivo foi estudar com aquela que é considerada como a melhor violetista e professora do mundo, Kim Kashkashian. Portanto, pretendi aperfeiçoar aquilo que já tinha aprendido e aprender novas coisas. Foram os dois anos mais importantes no que diz respeito à minha forma de tocar e encarar a música. Aprendi coisas que não aprenderia em mais lado nenhum com mais nenhuma professora. Quanto a projetos, posso dizer que fiz muita música de câmara com colegas muito dotados. Toquei a solo, ganhei um concurso, trabalhei diretamente com o grande compositor Tigran Mansurian o seu concerto dedicado à minha professora. Também integrei um ensemble de música indiana com Peter Row, professor e músico de cítara. Foi uma experiência nova e muito interessante.

SM – Que projetos tem para o futuro?

JL – Neste momento, tenciono fazer um bom trabalho nos meus próximos concertos e, a partir de Outubro, irei frequentar o curso de quarteto de cordas na Escola Superior Rainha Sofia com o Quarteto Pandora, cujo violoncelista também estudou na EPMVC, Marco Pereira. Na viola, pretendo continuar a fazer concertos a solo e fazer uma tournée de concursos internacionais daqui a dois ou três anos.

SM – Que conselhos dá aos estudantes de viola-d’arco?

JL – Desejo que estudem muito e que pensem bem se realmente têm aquilo que é preciso para serem músicos e instrumentistas, pois muitas pessoas acabam mal por não serem sinceras com elas próprias. Nunca desistam dos vossos sonhos, pois se eu tivesse desistido, não me encontraria onde estou... nem perto.


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