Jano Lisboa é membro
titular da Orquestra de Câmara de Munique com quem gravou discos com obras de
Rossini, Mozart, Hosokawa, Bach, entre outros.
Em Fevereiro de 2013,
conquistou o lugar de viola solo da Orquestra Filarmónica de Munique e começará
a trabalhar com orquestra no próximo mês de Setembro coincidindo com o início
da nova temporada de concertos que levará a orquestra a uma digressão aos
Estados Unidos da América.
Jano é membro fundador
do Vellit Quartett – um quarteto com piano – onde colabora com Uli Witteler
(solo violoncelo da Orquestra Sinfónica de Bamberg), Katja Lämmermann
(concertino da Gaertnerplatz Opera em Munique) e Julian Riem (professor nan
Musikhochschule em Munique).
Paralelamente à sua
carreira na música clássica, Jano Lisboa dedica-se ao seu projeto rock
intitulado Asphalt Kiss.
O primeiro disco está a caminho e foi gravado nos Estúdios Namouche e Rosa dos
Ventos em Lisboa encontrando-se neste momento na fase de misturas. Num futuro
próximo irá para Los Angeles para finalizar o disco com a masterização com Tom
Baker (Deftones, Nine Inch Nails).
Entrevista a Jano Lisboa
para a Escola
Profissional de Música de Viana do Castelo
por Susana Magalhães, em
2006
“Nunca
desistam dos vossos sonhos”, recomenda
Jano Lisboa a todos os alunos desta Escola.
Jano Lisboa, violetista e ex-aluno da nossa escola, dá-nos conta de
alguns projetos desenvolvidos nos últimos dois anos, nos EUA.
Susana Magalhães - Quais
as razões que o motivaram para esta profissão de violetista?
Jano Lisboa – Desde a primeira vez que ouvi o som deste instrumento, fiquei desejoso
de experimentá-lo e de aprender a tocá-lo, uma vez que, nessa altura, só tocava
piano. Com o passar dos anos e com o meu percurso musical, passei a desejar
mais a viola e a sentir-me cada vez mais realizado com a sua produção sonora e
com o enorme leque de possibilidades que este instrumento apresenta.
SM – Por que motivo estudou na EPMVC de Viana do Castelo?
JL – Na
altura, estudava na Academia, e um antigo aluno da escola, o Márcio,
convenceu-me a concorrer. Penso que foi a melhor escolha que poderia ter feito.
SM – Como
instrumentista, que experiências vivenciou nas diferentes orquestras onde participou?
JL – Bem,
infelizmente não posso dizer que foi na orquestra que vivi os melhores momentos
ou que me senti realizado. Houve, no entanto, uma exceção, quando integrei uma
temporada na Orquestra de Jovens da União Europeia com os maestros Sir Colin
Davies e Paavo Jarvi. Esta foi uma experiência muito enriquecedora a todos os
níveis, e nunca senti uma empatia tão grande como aquela que senti com o
maestro Colin Davies. Mas as melhores experiências sempre foram e serão na área
da música de câmara.
SM – Já tocou algumas vezes a solo? Que sensações
experimentou?
JL – Ultimamente tenho tocado bastante a solo com orquestras.
Tenho ainda mais três concertos agendados neste Verão. Posso dizer que nunca
pensei sentir o que sinto sempre que toco a solo, isto é, existe um
certo conforto sempre que me encontro com uma orquestra atrás de mim. Por
invulgar que pareça, não fico nervoso e sinto que estou ali, com prazer e gosto
a fazer algo que sinto como natural.
SM – Prefere tocar a solo ou com a orquestra?
JL – Claro que prefiro tocar a solo uma vez que
também não me sinto como músico de orquestra. Não penso que toco bem em
orquestra, não me sinto tão integrado como quando toco música de câmara ou a
solo. Depois, é sempre bom podermos
expressar a nossa individualidade sempre respeitando a música.
SM – Que projetos desenvolveu nos
EUA?
JL – O meu objetivo foi estudar com aquela que é
considerada como a melhor violetista e professora do mundo, Kim Kashkashian.
Portanto, pretendi aperfeiçoar aquilo que já tinha aprendido e aprender novas
coisas. Foram os dois anos mais importantes no que diz respeito à minha forma
de tocar e encarar a música. Aprendi coisas que não aprenderia em mais lado
nenhum com mais nenhuma professora. Quanto a projetos, posso dizer que fiz
muita música de câmara com colegas muito dotados. Toquei a solo, ganhei
um concurso, trabalhei diretamente com o grande compositor Tigran Mansurian o
seu concerto dedicado à minha professora. Também integrei um ensemble de
música indiana com Peter Row, professor e músico de cítara. Foi uma experiência
nova e muito interessante.
SM – Que projetos tem para o futuro?
JL – Neste momento, tenciono fazer um bom
trabalho nos meus próximos concertos e, a partir de Outubro, irei frequentar o
curso de quarteto de cordas na Escola Superior Rainha Sofia com o Quarteto
Pandora, cujo violoncelista também estudou na EPMVC, Marco Pereira. Na viola,
pretendo continuar a fazer concertos a solo e fazer uma tournée de
concursos internacionais daqui a dois ou três anos.
SM – Que conselhos dá aos estudantes
de viola-d’arco?
JL – Desejo que estudem muito e que pensem bem se
realmente têm aquilo que é preciso para serem músicos e instrumentistas, pois
muitas pessoas acabam mal por não serem sinceras com elas próprias. Nunca
desistam dos vossos sonhos, pois se eu tivesse desistido, não me encontraria
onde estou... nem perto.
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